Combinando estes dois movimentos (radial e transversal), podemos medir a verdadeira velocidade da estrela em relação ao Sol.
As velocidades das estrelas em relação ao Sol podem ser decompostas em duas componentes, uma na direção da linha de visada, e a outra no plano do céu.
é a sua velocidade de aproximação, ou afastamento, na direção da linha de visada. É obtida a partir do deslocamento Doppler das linhas espectrais.
é o movimento próprio da estrela no plano da esfera celeste, ou seja, perpendicular à linha de visada,
Se em um certo tempo Δt, a estrela tem um deslocamento angular no céu Δθ, então o movimento próprio da estrela é μ = Δθ/Δt [″/ano].
Não se deve confundir o movimento próprio com a paralaxe, pois a paralaxe se deve ao movimento da Terra em torno do Sol, e é cíclica em um ano, ao passo que o movimento próprio se deve aos movimentos relativos entre a estrela e o Sol, e é cumulativo ao longo de anos. Ao se calcular o movimento próprio, deve-se fazer a correção pela paralaxe;
é a componente da velocidade V perpendicular à linha de visada, e é obtido a partir do movimento próprio e da distância da estrela, que por sua vez é obtida a partir da paralaxe.
Como d (pc) = [1/(p″)], temos:
|
Lembrando que:
μ(rad/ano) = |
μ(″/ano) 206265(″/rad) | ; | 1 parsec = 206265 UA | ; | 1 UA/ano = 4,74 km/s |
Temos:
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é obtida a partir de vt e vr:
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O sistema de coordenadas galácticas foi definido pela União Astronômica Internacional em 1959. O sistema de coordenadas galácticas tem por plano fundamental o plano galáctico, que é o círculo máximo que contém o centro galáctico e as partes mais densas da Via Láctea. É inclinado 63° em relação ao Equador celeste.
As coordenadas do sistema galáctico são:
As relações entre as coordenadas equatorias e galáticas são:
O ano galáctico, definido como o tempo que o Sol leva para dar uma volta completa em torno do centro galáctico, tem duração de 219 milhões de anos, se usarmos a distância ao centro de 8178 pc e v⊙=229 km/s:
As distâncias dos objetos astronômicos podem ser determinadas usando técnicas como radar, no caso de planetas internos e outros objetos próximos da Terra, paralaxe heliocêntrica, usada para detectar distâncias dos planetas externos do nosso sistema solar e de estrelas próximas, e a paralaxe espectroscópica1, que utiliza as propriedades espectrais das estrelas para determinar sua magnitude absoluta pela sua posição no diagrama HR. Através da paralaxe espectroscópica, podemos medir distâncias de estrelas até aproximadamente 10 000 pc, alcance maior do que o obtido através da paralaxe heliocêntrica (1000 pc), mas ainda insuficiente para cobrir o tamanho de nossa Galáxia, que tem 25 000 pc de diâmetro. É necessário, portanto, incluir um novo método de determinação de distâncias, que tenha um alcance maior. As estrelas variáveis cumprem o papel de indicadores de distância nesta escala.
As estrelas variáveis pulsantes radiais são estrelas cuja luminosidade varia com o tempo, devido a variações no seu tamanho. Elas podem ser reconhecidas facilmente, observando a sua variação em luminosidade, que se dá de maneira muito regular.
Dois tipos de variáveis são importantes como indicadores de distância:
Durante uma pulsação, a Cefeida quando está com o raio menor e temperatura maior, ioniza o hidrogênio, aumentando o número de partículas e, portanto, aumentando a pressão (P=NkT). O aumento de pressão aumenta o raio, diminuindo a temperatura, recombinando o hidrogênio. Pela redução do número de partículas, a pressão diminui e a estrela se contrai, aumentando a temperatura e recomeçando o ciclo.
As observações indicam que a relação entre a magnitude bolométrica absoluta Mbol e o período de variação P, em dias, é:
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Distância de alcance | Método |
---|---|
1 UA | radar |
1000 pc | paralaxe heliocêntrica |
10 000 pc | paralaxe espectroscópica |
10 Mpc | estrelas variáveis |
É o sistema de referência instantaneamente centrado no Sol,
que se move em órbita circular em torno do
centro galático, com velocidade igual à média das
velocidades estelares nas vizinhanças do Sol,
de maneira que
as estrelas, nas proximidades do
Sol, em média, estão em repouso em relação ao SLR.
Como os movimentos das estrelas individuais são diferentes do movimento
médio, as estrelas, consideradas individualmente, apresentam movimentos
em relação ao SLR, que são detectados como movimentos peculiares.
O movimento do Sol em relação ao SLR é de 19,7 km/s,
numa direção chamada ápex, que fica na
constelação de Hércules e tem coordenadas: 1A
paralaxe espectroscópica,
usando o módulo de distância,
não tem nada a
ver com o método da
paralaxe geocêntrica ou heliocêntrica,
que são paralaxes trigonométricas,
a não ser o fato de que é utilizado para determinar
distâncias. O nome continua sendo usado por razões históricas.
O sistema local de repouso (SLR)
Notas:
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