No entanto, podemos ter alguma idéia sobre a localização dos braços espirais usando objetos que sejam mapeadores da estrutura espiral. Existem dois tipos básicos de mapeadores: os mapeadores óticos e os mapeadores em radio. Os óticos são objetos brilhantes como estrelas O e B, que vivem somente alguns milhões de anos, regiões HII, excitadas por estas estrelas quentes, e estrelas cefeidas variáveis. As estrelas cefeidas clássicas são supergigantes com massas entre 4 e 20 massas solares, e luminosidades até 100 mil vezes a luminosidade do Sol. O principal traçador em rádio é a linha de 21 cm do hidrogênio neutro. Como o hidrogênio neutro existe em grande abundância na Galáxia, essa linha é observada em todas as direções.
O Sol está na borda interna de um braço, chamado "braço de Órion", que contém, entre outros aspectos marcantes, a Nebulosa de Órion.
A causa da estrutura espiral ainda não está bem definida. A idéia inicial a respeito disso era de que os braços espirais seriam braços materiais formados pela rotação diferencial. Como o material mais distante do centro tem menor velocidade de rotação do que o mais próximo do centro (movimento kepleriano), uma pequena perturbação no disco naturalmente se espalharia em forma espiral. Então, onde está a falha do modelo? Acontece que as observações de estrelas velhas indicam que a Via Láctea deve ter no mínimo 12 bilhões de anos. Nesse tempo o material nas vizinhanças do Sol já deve ter executado cerca de 50 rotações em torno do centro galáctico, e após 50 rotações, esperar-se-ia que os braços espirais estivessem muito mais enrolados do que as observações indicam.
Um passo importante no estudo da estrutura espiral foi a teoria de ondas de densidade, desenvolvida por Chia-Chiao Lin (1916-2013) e Frank Hsia-San Shu (1943-) nos anos 1960 (1964, Astrophysical Journal, 140, 646).
A estrutura espiral é suposta como uma variação da densidade do disco em forma de onda, uma onda de compressão com padrão persistente (quasi-estacionário). O padrão espiral gira como um corpo sólido, com uma velocidade angular de aproximadamente metade da velocidade de rotação galáctica, enquanto as estrelas e o gás passam pela onda. O início da onda pode ser causado pela presença de uma perturbação gravitacional externa, como a interação com outra galáxia, ou interna, como a presença de uma barra, e sua duração depende da quantidade de rotação diferencial da galáxia, da dispersão de velocidades [posição da região de corrotação e das resonâncias internas e externas de Bertil Lindblad (1895-1965)] e da força de maré, se existe.Esta teoria explica de maneira natural porque estrelas jovens, nuvens moleculares e regiões HII são encontradas nos braços espirais. Quando o gás passa pela onda, ele é comprimido fortemente até que a gravitação interna cause o colapso e a formação de estrelas. Durante os 107 anos que leva para o material passar pelo braço espiral, as estrelas mais quentes e massivas (O e B) já terminaram sua evolução, e as regiões HII já desapareceram.
Robert A. Benjamin (University of Wisconsin) e colaboradores, usando dados do Spitzer e do rádio telescópio de 1,2 m de diâmetro do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, propõem que a Via Láctea tem somente dois braços e não quatro como se pensava anteriormente, além de pelo menos duas barras truncadas, demonstrando a dificuldade de estudar a estrutura de nossa Galáxia.