A dificuldade maior do experimento de Davis é que ele só consegue detectar neutrinos com energia maior que 0,81 MeV e, portanto, não consegue detectar o neutrino produzido na cadeia principal do ciclo p-p, dominante no Sol, pois este neutrino só tem 0,42 MeV de energia e tem um fluxo de 6,4 × 1010 neutrinos/cm2/s aqui na Terra. Muitos cientistas trabalharam em melhorar as aproximações nos cálculos do fluxo de neutrinos que deveriam ser detectadas pelo experimento de Davis, como uma melhor taxa de reação nuclear, bem como testar rigorosamente o experimento. Hoje em dia outros experimentos de detecção de neutrino estão ou estiveram em operação ao redor do mundo, Kamiokande I e II, e IMB (Irvine-Michigan-Brookhaven), que só detecta neutrinos com energia maior que 7,3 MeVs, através da radiação Cerenkov emitida por elétrons acelerados a velocidades superiores à da luz na água, de 225 000 km/s.
A melhor explicação para o fenômeno envolve as propriedades dos próprios neutrinos, e não as propriedades do Sol. Entre o tempo que os neutrinos são gerados e o tempo que eles chegam à Terra, parte dos neutrinos sofre reações que muda sua identidade, passando de neutrino de eléctron para neutrino de múon ou neutrino de táon, tornando-os inacessíveis aos experimentos, que só medem neutrinos de elétrons. Este processo de mudança chama-se oscilação de neutrinos e foi detectada em 1998 em um experimento no SuperKamiokande. Para que estas mudanças de identidade ocorram, cada tipo de neutrino precisa ter uma massa diferente de zero e diferentes entre si, e isto é predito em algumas teorias de Grande Unificação das forças (GUT). Esta massa pode ser detectada em laboratório, e existem diversos experimentos em elaboração para medí-la, mas até agora só se conseguiu medir limites superiores [m(νe)c2 < 2,2 eV para o neutrino do elétron, 170 keV para o neutrino do muon e 15,5 MeV para o neutrino do taon), da ordem de centenas de vezes menor que a massa do eléctron.
No Sudbury Neutrino Observatory, em Ontário, Canadá, com 1000 toneladas de
água pesada e 9456 fotomultiplicadoras, a 2070
metros de profundidade, operando desde novembro de 1999,
foi medido um fluxo de neutrinos provenientes da reação envolvendo
o Berílio8 de
5,44±0,99 ×106 cm-2s-1,
com evidência de oscilação de neutrinos e que indica que
a soma das massas dos 3 tipos de neutrinos
está entre 0,05 a 8,4 eV.
Estas massas levam à contribuição
dos neutrinos na massa do Universo entre 0,001 e 0,18 da densidade crítica.
Quando o neutrino do elétron colide com o deutério da água pesada,
ocorre a reação (mediada pela corrente com carga)
|
Øystein Elgarøy et al., no artigo New Upper Limit on the Total Neutrino Mass from the 2 Degree Field Galaxy R edshift Survey, publicado no Physical Review Letters, 89, 61301 de 19 July 2002, obtém indiretamente pelo efeito na órbita das galáxias, 2,2 eV para o limite superior da massa combinada dos tres tipos de neutrinos e uma contribuição máxima de 13% para a massa do Universo.
Portanto o problema do neutrino solar nos revelou mais sobre a física fundamental do que sobre a astrofísica estelar.
O detector de neutrinos KamLAND (Kamioka Liquid-scintillator Anti-Neutrino Detector), consiste de uma kilotonelada de líquido de cintilação ultra-puro mantido em um balão atmosférico e circundado por 1 879 fotomultiplicadoras, que detectam as minísculas faíscas de luz produzidas quanto um neutrino interage com o líquido. Os neutrinos detectados têm energia superior a 2,6 MeV, e são produzidos principalmente pelos 69 reatores nucleares do Japão e Coréia. Os reatores produzem neutrinos por decaimento β, cerca de 6 antineutrinos de elétrons por cada fissão nuclear, resultando num fluxo de 9,3 × 1020 neutrinos/cm2/s, para um gerador de 5 GWth.
Ko Abe e colaboradores publicaram em 2011, no Physical Review D, 83, 052010, os resultados dos dados de 2002 a 2010, com um total de 8132 neutrinos detectados. Os pesquisadores concluíram, com um nível de confiança de 99,99%, que a não detecção dos neutrinos faltantes somente é consistente com a oscilaçao de neutrinos, isto é, na transformação dos neutrinos, após produzidos e antes de serem detectados, de neutrinos de elétrons para neutrinos de múons ou de táons, com com ângulo de mistura sen2θ1,2=0,31±0,01, enquanto sen2θ1,3=0,092±0,005 (2012). Nesta nomenclatura, 1=νe, 2=νμ e 3=ντ. Ko Abe e colaboradores publicaram em 2016, arXiv:1606.07538, Solar Neutrino Measurements in Super-Kamiokande-IV, os resultados de 2008 a 2014: fluxo de neutrinos solares = 2,308 ± 0,020 [(estat.)±0,039(sist.)] × 106/(cm2 s), com ângulo de mistura sen2θ1,2=0,324±0,025, levando a uma diferença de massa Δm2,1=6,9±1,2 meV.
Maria Concepion Gonzalez-Garcia, Michele Maltoni e Jordi Salvado, no artigo de revisão de 2011 Updated global fit to three neutrino mixing: status of the hints of θ1,3>0, discutem que ainda não há provas suficientes de que o neutrinos dos elétrons e táons se misturam diretamente.
Construir detectores maiores do que o SuperKamiokande não é prático, mas grandes quantidades de água podem ser monitoradas usando lagos ou a calota polar Antártica, como os detectores NT-220, Antares, Nestor e IceCube. Antares monitora 1 milhão de litros de água com 900 fotomulticadoras a 4000 metros de profundidade no Peloponésio, e o IceCube usa 5160 fotomultiplicadoras em 80 cordas monitorando 1000 milhões de metros cúbicos (1 km3) de gelo na Antártica. O IceCube ficou pronto em Dez/2010 e foi construído para detectar neutrinos mais energéticos que 100 GeV, mas devido ao baixo ruído é capaz de detectar até MeV. Em março de 2013, Brian Feldstein e colaboradores publicaram no arXiv:1303.7320 os primeiros resultados da procura de neutrinos por decaimento de matéria escura, mas não encontraram. A. Kappes e colaboradores reportam no Journal of Physics: Conference Series, Volume 409, Issue 1, pp. 012014 (2013) o status das observações, enquanto Ronald Bruijn discute no 2013arXiv1302.2040 o potencial como detector de supernovas. Os dados de 2010 a 2011, publicados pela colaboração em 2013 (arXiv:1305.3909), indicam desaparecimento de neutrinos de muons, com Δm223= (2,3±0,6)×10-3 eV2 e sen2(2 θ23)>0,93. O IceCube já detectou algumas dúzias de neutrinos acima de 200 TeV, o campeão com 4450 TeV, em 1 de maio de 2015.
Yusuke Koshio e seus colaboradores do experimento Borexino, que detecta a radiação Cerenkov em um cintilador líquido, que ocorre no Laboratori Nazionali del Gran Sasso, Itália, divulgaram em 2011 os resultados do experimento que está operando desde 2007, que consegue detectar os neutrinos solares de mais baixa energia, até cerca de 250 keV e, portanto, capaz de detectar o neutrino do 7Be, do 8B, do pep e CNO. A detecção é de [45±1.5 (estatístico)±1.3 (sistemático)] contagens/dia/(100 toneladas). O esperado seria 74±4 contagens/dia/(100 toneladas) se não houvesse oscilação de neutrinos, e 44±4 contagens/dia/(100 toneladas) com oscilação de neutrinos. Alvaro E. Chavarría e colaboração Borexino, publicaram em 2012 os resultados de suas medidas, concordando com as medidas do Kamiokande, Superkamiokande e SNO, que medem diretamente a contribuição do pp e CNO do Sol, e todos os resultados têm uma média de 2.2 × 106 neutrinos cm-2 s-1. Nos proceedings da 33rd International Cosmic Ray Conference, Rio De Janeiro 2013 (ICRC2013), Hiroyuki Sekiya a Super-Kamiokande Collaboration publicaram os resulatados dos dados desde 2008 para o fluxo de neutrinos solares entre 3,5 e 19,5 MeV: [2.36 ±0.02 (estat.) ± 0.04 (sist.)]× 106/(cm2 sec).
Theo M. Nieuwenhuizen e Andrea Morandi (2011) demonstram que se a massa escura do cúmulo de galáxias Abell 1689, com cerca de 1015 massas solares e z=0,183, é modelado como um gás degenerado isotérmico de férmions, as lentes gravitacionais fortes (a com maior raio de Einstein observada até hoje) e fracas podem ser explicadas por neutrinos degenerados de massa 1,5 eV/c2. Com esta massa as três espécies de neutrinos corresponderiam a cerca de 10% da massa escura.
N. Oka e colaboradores do XMASS publicaram Search for solar Kaluza-Klein axion by annual modulation with the XMASS-I detector, Progress of Theoretical and Experimental Physics, 2017, 103C01, arXiv:1707.08995, e em 2018, Ko Abe et al. (XMASS Collaboration), Search for dark matter in the form of hidden photons and axion-like particles in the XMASS detector, arXiv:1807.08516. Em teorias com dimensões acima das 4 do espaço-tempo, áxions podem se propagar nestas dimensões extras e adquirir excitações Kaluza-Klein (KK). Estes áxions KK são produzidos no Sol e poderiam explicar o aquecimento da coroa solar. Este detector com xenonio pode estudá-los, como outros para detectar os weakly interacting massive particles (WIMPS).
Andrea Pocar, no artigo Solar Neutrino Experiments, para o XXXVIII International Symposium on Physics in Collision, Bogotá, Colombia, 2018, atualiza os resultados dos últimos dez anos dos experimentos Borexino, no Laboratori Nazionali del Gran Sasso, na Itália, e SuperK na mina Kamioka no Japão, que permitiram estudar toda a faixa de energias tanto do ciclo p-p quanto do CNO.