O Centro da Galáxia
O centro da Galáxia
fica na direção da
constelação de Sagitário,
numa região com alta concentração de poeira interestelar que impede
sua visualização a olho nu ou usando detectores óticos.
A melhor maneira de estudar o bojo central é usando comprimentos de onda
mais longos, como infravermelho e radio, que atravessam mais livremente
a poeira e o gás do disco.
Observações em rádio indicam que no centro da Galáxia existe um
anel molecular de 3 kpc de diâmetro, envolvendo uma fonte brilhante de rádio,
Sagitário A, que marca o centro.
Estudos no infravermelho indicam a existência de
um grande aglomerado
estelar, com uma densidade de estrelas de 106 MSol/pc3, um milhão
de vêzes mais densa do que nas proximidades do Sol.
O movimento do gás e das estrelas no núcleo indica que ali
existe um objeto compacto, provavelmente um
buraco negro com massa de 4,3 milhões de massas solares
{[4,3±0,2(estatístico)±0,3(sistemático)] milhões de massas solares,
Stefan Gillessen, Frank Eisenhauer, Tobias K. Fritz,
Hendrik Bartko, Katie Dodds-Eden, Oliver Pfuhl, Thomas Ott & Reinhard Genzel,
"The orbit of the star S2 around SgrA* from VLT and Keck data", 2009,
Astrophysical Journal, 707, L114}.
À esquerda, imagem cobrindo 30" do centro da Galáxia obtida no infravermelho com um telescópio
de 8,2 m do European Southern Observatory por Rainer Schödel et al.
(2002, Nature, 419, 694).
As
setas indicam o centro da Via Láctea, onde uma estrela, chamada S0-2,
com 17 vezes a massa do Sol e período orbital de 15,2 anos,
passou a 120 U.A. = 17 horas-luz (3 vezes o raio da órbita de Plutão)
do buraco negro central, que tem cerca de 4 milhões de massas solares.
À direita, simulação da série de observações de estrelas dentro de
1 parsec do centro galático,
da página do
Max-Planck-Institut für extraterrestrische Physik,
combinando as medidas de Reinhard Genzel e Andreas Eckart, do Max Planck, com dados do 3.6m NTT e 8.2m do VLT no ESO,
e Andrea Ghez da UCLA, com dados do 10m Keck.
A órbita fechada na figura é da estrela SO-2, orbitando Sagittarius A*.
Em 19 de maio de 2018, a estrela S2 passou pelo pericentro (menor distância), de 120 unidades astronômicas (UA=150 milhões km),
alcançando uma velocidade orbital de 8 000 km/s, 2,7% da velocidade da luz. Os colaboradores do experimento GRAVITY,
um interferômetro usando os quatro telescópios do European Southern Observatory Very Large Telescope, com uma resolução de
50 micro segundos de arco, mediram o avermelhamento gravitacional (deslocamento do comprimento de onda), confirmando novamente
a predição da teoria da relatividade de Einstein
(Detection of the Gravitational Redshift in the Orbit of the Star S2 near the Galactic Centre Massive Black Hole, GRAVITY Collaboration, Astronomy & Astrophysics, 615, L15..
Observações desde 2001
em raio-X confirmam que o núcleo da
Galáxia é um lugar violento, com flares diários, onde
além do buraco negro central
supermassivo, existe grande quantidade de gás ionizado, e centenas
de anãs brancas, estrelas de nêutrons e buracos negros.
O buraco negro possivelmente está dentro de uma bolha, criada por
uma explosão de uma supernova próxima a ele cerca de 10 a 50 mil anos atrás,
detectada por Frederick K. Baganoff et al. (2003,
Astrophysical Journal, 591, 891) como dois lobos de gás quente na
posição de 2h e 7h na imagem à direita
[Robert Irion (2003, Science, 300, 1356)].
O buraco negro no centro de nossa Galáxia, Sagitarius A*, ficou brilhante por cerca de duas horas em 13 de maio de 2019, provavelmente pelo
acréscimo de alguma matéria, como quando um cometa cai no Sol (Tuan Do et al. 2019).
Em 12 de maio de 2022 os astronomos do Event Horizon Telescope divulgaram a primeira imagem do buraco negro no centro da nossa Galáxia,
usando a combinação de dados dos radio telescópios:
Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), Atacama Pathfinder Experiment (APEX), IRAM 30-meter Telescope, James Clerk Maxwell Telescope (JCMT), Large Millimeter Telescope Alfonso Serrano (LMT), Submillimeter Array (SMA), UArizona Submillimeter Telescope (SMT), South Pole Telescope (SPT).
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Modificada em 31 ago 2022