Tempo Conformal e Raio do Universo

Considerando a métrica de Friedmann-Lemaître-Robertson-Walker [Howard Percy Robertson (1903-1961), 1935; Arthur Geoffrey Walker (1909-2001), 1937; Georges Henri Joseph Edouard Lamaître (1894-1966), 1927; Alexander Alexandrovich Friedmann (Алекса́ндр Алекса́ндрович Фри́дман, 1888-1925), 1922] em coordenadas polares reduzidas a uma circunferência

ds2 = - c2dt2 + R2(t)$ \Big[$$ {\frac{{dr^2}}{{1-kr^2}}}$ + r2(2 + sen2θdφ2$ \Big]$

onde t é o tempo cosmológico desde o Big Bang (ou fim da inflação, se houve), R(t) é o fator de escala, ou raio de curvatura, a(t) = R(t)/R0 é o fator de escala adimensional, as galáxias individuais participam da expansão cósmica seguindo uma geodésica com valores constantes de r, θ e φ, as coordenadas de comovimento, e k=-1,0,1 é o sinal da curvatura espacial, para universo aberto, plano ou fechado. Por esta definição de a(t), a=1 no presente, mas atente para a mudança de normalização ao calcularmos o raio de curvatura para o Universo plano.

Definindo o tempo conformal η pela relação = dt/a

η(t) = $ \int_{0}^{t}$$ {\frac{{dt}}{{a}}}$

de modo que a luz viaja em geodésicas radiais com c dη = ±dr. Deste modo, uma galáxia a uma distância comóvel r de nós emitiu a luz que vemos hoje em um tempo conformal η(t) = η(t0) - r/c. Desta forma podemos calcular o tempo t e o desvio para o vermelho (redshift)

z = $ {\frac{{a(t_0)}}{{a(t)}}}$ - 1

quando a luz foi emitida. Como os fótons viajam em geodésicas nulas de tempo próprio nulo,

r = $ \int_{{t_{\mathrm{emit}}}}^{{t_{\mathrm{obs}}}}$c$ {\frac{{dt}}{{R(t)}}}$

a distância comóvel é constante.

O fator de escala a(t) = a(t0)/(1 + z) obedece

$ \Big($$ {\frac{{\dot{a}}}{{a}}}$$ \Big)^{2}_{}$ = - $ {\frac{{Kc^2}}{{a^2}}}$ + $ {\frac{{\Lambda c^2}}{{3}}}$ + $ {\frac{{8\pi G\rho_m}}{{3}}}$ + $ {\frac{{8\pi G\rho_r}}{{3}}}$

para qualquer valor de K, ρma-3 é a densidade de matéria, incluindo a matéria escura fria, ρra-4 é a densidade de radiação média do Universo, principalmente vindo da radiação do fundo do Universo, $\dot{{a}}$ = a, t é a derivada de a em relação ao tempo. Esta equação é chamada Equação de Friedmann.

Podemos escrever $\ddot{{a}}$ = a„ tt a segunda derivada e, portanto, a aceleração da expansão

$ \Big($$ {\frac{{\ddot{a}}}{{a}}}$$ \Big)^{2}_{}$ = $ {\frac{{\Lambda c^2}}{{3}}}$ - $ {\frac{{4\pi G\rho_m}}{{3}}}$ - $ {\frac{{8\pi G\rho_r}}{{3}}}$

mostrando que a constante cosmológica produz aceleração, enquanto a densidade de matéria e de radiação produzem desaceleração.

O tempo conformal pode ser obtido integrando-se a equação de Friedman

c η(t) = $ \int_{0}^{t}$c$ {\frac{{dt}}{{a}}}$ = $ \int_{0}^{{a(t)}}$$ l\{$ - Ka2 + $ {\frac{{\Lambda}}{{3}}}$a4 + $ {\frac{{8\pi G}}{{3}}}$a4[ρm(a) + ρr(a)]$ r\}^{{-\frac{1}{2}}}_{}$da

A Lei de Hubble é escrita como

$ {H=\frac{\dot{R}}{R}=\frac{\dot{a}}{a}}$

Note que a(t) é o raio de curvatura do Universo para K = ±1, mas para K = 0 não existe esta escala e podemos renormalizar colocando a0 = a(t0)≡RH0 = cH0-1 = 4220 Mpc, para H0 = 71 km/s/Mpc. Note que esta normalização é diferente da anterior. Desta forma η mede as distâncias comóveis na época atual, em unidades do radio de Hubble atual, RH0. Para Universo plano, K=0,

c η(a) = c η[a(t)] = $ \int_{0}^{a}$$ [$$ {\frac{{a}}{{a_0}}}$Ωm + Ωr + $ ($$ {\frac{{a}}{{a_0}}}$$ )$ΩΛ$ ]^{{-\frac{1}{2}}}_{}$$ {\frac{{da}}{{a_0}}}$

que com os valores atuais resulta em

c η(a0) = 3,38

indicando que quando olhamos agora em t = t0, podemos enxergar até uma distância comóvel de c η(a0)a0 = 14 300 Mpc=46,6 bilhões de anos-luz. Este é o horizonte de partículas efetivo, onde estão as partículas do momento do Big Bang (ou fim da inflação, se houve). Esta distância é maior do que a idade do Universo, porque é a distância comóvel que as partículas mais velhas terão agora, e não a distância que tinham então. Podemos calcular esta distância em função de a, ou em função de z. Para zrecomb = 1089, c η(zrecomb) = 0.0671 a0 e, portanto, a distância comóvel da radiação do fundo do Universo é

[c(η0 - η(zrecomb)]a0 = 14 000 Mpc

A idade do Universo pode ser escrita como

t(z) = H(z)-1$ l\{$[1 - Ω(z)]-1 + $ {\frac{{K \Omega(z)}}{{2[K(\Omega(z)-1)]^{3/2}}}}$CK-1$ l[$$ {\frac{{(2-\Omega(z))}}{{\Omega(z)}}}$$ r]$$ r\}$

onde o parâmetro de densidade total Ω

Ω = $ \sum$Ωi = $ {\frac{{\rho_\Lambda+\rho_m+\rho_r}}{{\rho_{\mathrm{cr\acute{\i}tico}}}}}$ = $ {\frac{{8\pi G \rho}}{{2H^2}}}$

ρcr$\scriptstyle \acute{{\i}}$tico = $ {\frac{{3H^2}}{{8\pi G}}}$

Como ρ e H mudam com o tempo, o parâmetro de densidade depende da época, mas Ω = 1 é constante para Universo plano (K=0).

ρΛ = $ {\frac{{\Lambda}}{{8\pi G}}}$

Inserindo a dependencia de z em H(z) e Ω(z) para o caso geral,

H(z) = H0(1 + z)$ \sqrt{{1+\Omega(z)}}$

Ω(z) = $ {\frac{{\Omega(1+z)}}{{1+\Omega z}}}$

nos dá a relação tempo-desvio para o vermelho, que pode ser aproximada por

t(z) $ \simeq$ H(z)-1$ [$1 + $ {\frac{{1}}{{2}}}$Ω(z)0.6$ ]^{{-1}}_{}$

Ck(r) = \begin{displaymath}\begin{cases}\cos r&\text{if } K=1\cr
1&\text{if } K=0\cr
\cosh r&\text{if } K=-1\cr
\end{cases}\end{displaymath}

O valor presente do fator de escala, para K = ±1, é obtido diretamente da equação de Friedmann:

$ {R_0=\frac{c}{H_0}[\frac{(\Omega-1)}{k}]^{-\frac{1}{2}}}$

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Modificada em 5 jan 2019